Evolução no Maranhão? O Estado assiste
um retrocesso sem precedentes.
Empresas deixam o Estado, lamentavel.
Por Aquiles Emir
Duas indústrias de ferro-gusa – Guarani e Pindaré – encerraram suas atividades em Açailândia, na última semana de fevereiro, e com isto mais 820 trabalhadores vão engrossar as estatísticas negativas do Cadastro Geral de Empregados e Demitidos (Caged) nos próximos meses no Maranhão. Com o fechamento dessas empresas, das sete que operavam no estado, sobraram apenas duas, Viena e Nordeste, que destinam boa parte de sua produção à Aciaria Aço Verde Brasil, no próprio município.
Liga pra vê se voltam! |
O presidente do Sindicato da Indústria de Ferro-Gusa do Maranhão (Sifema), Cláudio Azevedo, não acredita que o setor possa se recuperar a curto prazo. “Com esta alta carga tributária, altíssimos encargos trabalhistas e queda do dólar não há como as empresas exportadoras brasileiras competirem com o gusa fabricado na Rússia e na Ucrânia, onde os custos de produção são bem menores”, diz ele.
O presidente do Sifema destaca ainda que as indústrias do Leste Europeu utilizam carvão mineral, altamente poluentes, para beneficiamento do minério de ferro, enquanto no Brasil as empresas são obrigadas a utilizar apenas carvão vegetal certificado, o que lhes obriga a ter plantios próprios de eucalipto para alimentar os fornos, já que muitas ainda enfrentam problemas na Justiça por terem adquirido carvão produzido com madeira de origem duvidosa e utilização de mão de obra que não atendia às exigências do Ministério do Trabalho, ou seja, trabalho escravo.
“Não vejo como viabilizar essa atividade no Maranhão, a não ser produzir gusa para fornecer à aciaria de Açailândia, pois não temos como competir com preços atraentes no mercado internacional diante dos altos custos existentes no Brasil”, acrescenta Cláudio Azevedo.
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Cláudio Azevedo não vê como o setor possa se recuperar a curto prazo
Empregos – O empresário lembra que nos anos 1980 as guserias empregavam cerca de 3 mil trabalhadores no Maranhão, mas foi entre 2005 e 2006 que se deu a melhor fase do setor, quando chegaram a empregar, diretamente, 7,5 mil pessoas e hoje esse número está reduzido a cerca de 900, ou seja, 6,6 mil empregos a menos.
Das sete empresas que existiam no estado, estão paralisadas: Margusa, em Bacabeira; Cosima, em Pindaré-Mirim; Fergumar, Guarani (ex-Simasa) e Pindaré, em Açailândia.
A crise no setor de ferro-gusa tem sido motivo de preocupação de políticos e lideranças empresariais de Açailândia devido ao alto índice de desemprego, já que, além dos contratos diretos, também foram desativados postos de trabalho de fornecedores de carvão, transportadoras, empresas de segurança e limpeza e diversas.
Num ato de desespero, a Câmara Municipal aprovou semana passada um projeto de lei que obriga as demais empresas que operam no município a sustentaram em seus quadros de pessoal pelo menos 70% de naturais de Açailândia ou que comprovem estar residindo há mais de dois anos na cidade. Trata-se de uma lei inconstitucional, mas demonstra o clima de insegurança que se criou com o desmoronamento de um dos setores que mais contribuíam com desenvolvimento econômico do estado.
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