Por Simplicio Araújo
Pense em qualquer cidade ou estado do Brasil e imagine: alguém se elege prefeito ou governador. Qual desses eleitos não teria, no mínimo, um sentimento de gratidão por quem o ajudou a chegar lá? Aliás, na maioria dos lugares, quem elege alguém não ganha só reconhecimento — costuma ter espaço de verdade no governo.
Agora imagine que alguém te elege governador e, em vez de você reconhecer e enaltecer essa pessoa, age com ingratidão, vira as costas e ainda fala mal de quem só te fez bem.
É exatamente isso que estamos vendo hoje no Maranhão: traição, covardia e ingratidão.
Mesmo tendo alertado muitas vezes a Flávio Dino que não havia a menor condição de Brandão ser um bom governador, eu procuro, em alguns momentos, me colocar no lugar do ex-governador.
Brandão está praticamente encerrando o governo e mal conseguiu concluir metade das obras deixadas por Flávio Dino — a exemplo dos hospitais de Dom Pedro e Imperatriz.
As poucas obras que entregou, como a ponte de Barreirinhas, iniciada na gestão de Flávio Dino, foram marcadas por um completo apagamento do nome de quem só lhe fez bem e o colocou na cadeira de governador.
Vejo Flávio Dino viajando em avião de carreira, vivendo apenas do seu salário, enquanto seus amigos são perseguidos, isolados ou tratados como inimigos pelo próprio governador que ele elegeu.
Qual ex-prefeito, depois de eleger o sucessor, vive apenas do próprio salário, sem nenhuma participação no governo que ajudou a construir? Pois é exatamente isso que acontece hoje com Flávio Dino: Brandão lhe virou as costas por completo.
Eu avisei sobre a incapacidade de Brandão para governar o Maranhão. A prova está aí: secretários que ninguém sabe quem são, saúde, segurança e educação largadas ao Deus-dará.
E, para completar, tudo isso vem acompanhado de ataques constantes de Brandão e da maioria de seus secretários ao ex-governador que lhes entregou o poder de mão beijada.
Até a operação da Polícia Federal, que apreendeu meio milhão de reais em dinheiro vivo, sacado por meio de uma artimanha da Secretaria de Cultura, tudo servia de desculpa para o governo se dizer perseguido por Flávio Dino e seus aliados, a PF calou o governo, os aliados e a imprensa chapa branca.
Flávio Dino esperou gratidão, reconhecimento e o cumprimento daquilo que o próprio Brandão se comprometeu a fazer. Em troca, recebeu apenas ingratidão.
Para nós que vivemos a política e conhecemos seus bastidores, a traição já não surpreende. O que continua sendo repugnante é a ingratidão — qualquer tipo de ingratidão.
Muito se fala de um diálogo com o Presidente Lula para abençoar a candidatura do sobrinho de Brandão, por acaso Lula não avalia que se fizeram isso com Flávio Dino, nada impede que se repita com Lula também?
Aos que no Maranhão hoje aplaudem esse tipo de ingratidão, vale o alerta: amanhã a espada da traição e da ingratidão pode recair exatamente sobre as suas costas.
Na política e na vida, não basta ter palavra; é preciso cumprir e honrar a palavra.

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