03 novembro 2025

Polícia Federal aponta salto milionário no faturamento da Nutrimax após contrato emergencial com a gestão Braide

A Polícia Federal (PF) investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro que envolve a empresa Nutrimax LTDA, pertencente ao empresário Eduardo Soares Viana, conhecido como “D’Brinco”. Documentos oficiais revelam que a empresa teve um crescimento exponencial de faturamento após firmar contrato emergencial com a Prefeitura de São Luís, durante a gestão do prefeito Eduardo Braide.

O caso veio à tona a partir do Relatório de Diligência nº 2025.0105977, assinado pelo delegado federal Ellison Cocino Correia. Segundo o relatório, a Nutrimax — que antes registrava faturamento anual em torno de R$ 1 milhão — passou a movimentar quase R$ 40 milhões entre 2022 e 2024, coincidindo com a assinatura do contrato nº 178/2024 para fornecimento de alimentação hospitalar à rede municipal de saúde.

A investigação começou após a prisão de dois homens no dia 26 de setembro de 2025, flagrados pela PF saindo da agência do Banco do Brasil, no Parque Shalom, em São Luís, com R$ 250 mil em espécie. A quantia havia sido sacada da conta da empresa JNUNES ALIMENTOS LTDA, aberta pouco mais de um mês antes.

A PF identificou que a Nutrimax havia transferido R$ 335 mil para essa mesma empresa, considerada de fachada e usada para movimentações financeiras incompatíveis com a atividade declarada. Em apenas 15 dias, a JNUNES movimentou mais de R$ 3,2 milhões, grande parte proveniente de contratos públicos ou de empresas ligadas a fornecedores do setor.

Os dois suspeitos presos — Alisson Mateus Frazão Araújo e Renan Bernardo Araújo, conhecido como “Lorde” — seriam operadores do esquema, responsáveis por saques fracionados que somariam até R$ 2 milhões em quatro dias.

O relatório da PF destaca que o salto no faturamento da Nutrimax coincide com o pagamento de R$ 15,5 milhões do Fundo Municipal de Saúde de São Luís, relacionado ao contrato emergencial firmado em 2024, sem licitação, para prestação de serviços de nutrição hospitalar.

Entre outubro de 2024 e setembro de 2025, a empresa movimentou R$ 169,4 milhões, segundo análise bancária — valores considerados atípicos e comunicados pelo COAF.

Sinais de lavagem de dinheiro

Além do aumento incomum no volume financeiro, o relatório aponta indícios de lavagem de capitais, entre eles:

  • transferências para empresas recém-criadas com alto fluxo de saques em espécie;
  • operações incompatíveis com o porte econômico da Nutrimax;
  • fracionamento de saques para evitar detecção automática por bancos;
  • comunicação de movimentações suspeitas pelo COAF por três categorias de alerta distintas.

Até o fechamento desta matéria, nem a Nutrimax, nem o empresário Eduardo Viana, nem a Prefeitura de São Luís haviam emitido nota oficial sobre as investigações. O contrato firmado com a gestão Braide permanece sob análise da Polícia Federal, que pode solicitar novas quebras de sigilo fiscal e bancário.

O caso é considerado de alta relevância por envolver verbas da área da saúde e possível má utilização de recursos públicos no período pós-pandemia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário