PAÇO DO LUMIAR (MA) — O cenário político maranhense volta a ser marcado por um embate entre o poder público e a liberdade de imprensa. O prefeito de Paço do Lumiar, Fred Campos (PSB), indiciado pela Polícia Federal por corrupção ativa, tem sido acusado de utilizar o aparato estatal para intimidar jornalistas e tentar barrar reportagens que expuseram supostas irregularidades milionárias na administração municipal.
Fred Campos foi um dos principais alvos da Operação 18 Minutos, deflagrada pela Polícia Federal em agosto de 2024. A investigação revelou um possível esquema de venda de sentenças judiciais que envolveria magistrados e advogados, com movimentações financeiras que ultrapassariam R$ 6 milhões. O nome da operação remete à agilidade incomum de algumas decisões judiciais — emitidas, em média, em apenas 18 minutos após o protocolo dos pedidos.
Além do prefeito, advogados suspeitos também foram indiciados. Fred chegou a usar tornozeleira eletrônica e foi impedido de manter contato com familiares investigados.
Levantamentos do Portal da Transparência apontam que a Prefeitura de Paço do Lumiar destinou mais de R$ 71 milhões a empresas contratadas para obras e serviços de limpeza urbana. Entre as beneficiadas, a Construtora Praxis – Obras e Serviços Ltda., supostamente ligada à Construtora Lucena, recebeu R$ 13,4 milhões. Já a Agrasty Construções obteve R$ 33,9 milhões, e a Vox Ambiental Ltda., R$ 24,4 milhões em contratos de coleta de resíduos sólidos.
Esses números foram destaque em reportagens locais, o que teria motivado a reação do prefeito, que teria mobilizado forças policiais para constranger jornalistas e restringir o trabalho da imprensa investigativa.
Em vez de prestar esclarecimentos públicos ou abrir as contas da prefeitura, o prefeito optou por atacar os veículos de comunicação que divulgaram os dados. Especialistas apontam que o caso representa um ataque direto à liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia.
Mais grave ainda é o silêncio de instituições como o Ministério Público e a Câmara Municipal, que, até o momento, não se manifestaram sobre as denúncias. Esse vácuo institucional, segundo analistas, contribui para um ambiente de censura velada e desconfiança, em que críticas são vistas como ameaças ao poder.
O episódio reacende o debate sobre o papel da imprensa no controle social e na fiscalização dos recursos públicos. “Quando um gestor investigado por corrupção tenta calar jornalistas, o que está em risco não é apenas a sua imagem, mas o direito coletivo à informação”, observa um analista político ouvido pela reportagem.
O caso Fred Campos expõe o desequilíbrio entre poder e responsabilidade que ainda persiste na política maranhense. A tentativa de criminalizar o trabalho jornalístico reforça a necessidade de proteger profissionais da comunicação contra abusos de autoridade.
Com informações do Blog G7

Nenhum comentário:
Postar um comentário