09 julho 2020

Coronavírus obriga vaga-lumes do Japão a bailar sem público

Coronavírus obriga vaga-lumes do Japão a bailar sem público
Quando o sol se põe, na pequena cidade montanhosa de Tatsuno, no centro do Japão, milhares de vaga-lumes começam a brilhar no escuro, um espetáculo dos primeiros dias de verão que atrai dezenas de milhares de visitantes. Mas este ano é diferente.
Devido à pandemia de coronavírus, os organizadores cancelaram o festival de vaga-lumes que brilharam em uma Tatsuno vazia de turistas.
Embora essa decisão tenha decepcionado muitos fãs, também proporcionou uma atmosfera incomum de serenidade para o balé noturno desses insetos.
Esse espetáculo natural dura apenas dez dias em junho e é o último capítulo da vida dos vaga-lumes.
“Em um ano de vida, os vaga-lumes brilham durante os 10 ou 15 últimos dias de sua existência, deixando para trás uma prole”, lembra à AFP o prefeito de Tatsuno, Yasuo Takei.
“A luz corresponde a um desfile nupcial, é um meio de comunicação entre fêmeas e machos”, acrescenta Katsunori Funaki, responsável pelo turismo em Tatsuno.
“É uma ferramenta que lhes permitirá, por dez dias, encontrar um companheiro e botar ovos para o ano seguinte”, explica.
Quando as condições são adequadas, sem chuva ou vento, até 30.000 vaga-lumes realizam sua dança leve e inebriante nesta cidade na região de Nagano, atravessada por um rio.
Mas esses seres frágeis praticamente desapareceram da região, à medida que indústrias, como a da seda, desenvolviam-se rio acima e, com elas, a poluição.
Após a Segunda Guerra Mundial, a cidade fez um grande esforço para restaurar o meio ambiente e proteger os vaga-lumes. Esse incrível festival é organizado há mais de 70 anos.
Quando essas pequenas criaturas estão presentes em grande número, “elas oferecem uma paisagem espetacular de luzes, onde estrelas cintilantes e vaga-lumes se refletem na água”, comenta Takei, maravilhado.
A presença de vaga-lumes é geralmente um sinal de natureza preservada, mas esses insetos também têm requisitos especiais para escolher seu ambiente.
Para atraí-los, a cidade de Tatsuno recorre em particular a um caracol de água doce chamado “kawanina” em japonês (Semisulcospira Libertina).
Porque os vaga-lumes passam cerca de nove meses crescendo na água e suas larvas são atraídas por esse caracol, explica Funaki, mostrando um poço cheio desses gastrópodes.
A cidade criou um parque, onde canais artificiais transportam água pura do rio e cachoeiras para garantir um habitat aquático rico em oxigênio.
Ao cuidar dos vaga-lumes, “esperamos desfrutar de uma bela dança no próximo ano”, lança o prefeito.
E os organizadores do festival esperam que a edição de 2021 seja um grande sucesso.
Por AFP

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