“O Festival Afro Maranhão é uma reunião de intelectuais e artistas que dizem não ao racismo. Nós estamos fazendo a maior reunião que já existiu da musicalidade preta no nosso estado. A nossa intenção é mostrar que o Maranhão é antirracista, essa é a filosofia deste festival”, explicou Ademar Danilo, diretor do Museu do Reggae.
Representando o governador Carlos Brandão, o secretário de Estado da Igualdade Racial, Gerson Pinheiro, acompanhou o evento e ressaltou a importância em apoiar as manifestações culturais.
“O festival traz a musicalidade das caixeiras do Divino, a musicalidade da cultura do Maranhão, da cultura da África, que nos fortalece e nos enriquece nessa luta para liberdade do povo negro, que é conquistada a cada dia. Em nome do governador Carlos Brandão, reforço o compromisso do Estado estar ao lado do povo para ajudar nessas transformações, a partir das políticas públicas”, frisou Gerson Pinheiro.
Cláudio Adão, coordenador do GDAM, que também está na organização do festival, ressaltou a importância da parceria com o poder público.
“Essa é uma data muito importante para a população de São Luís, que é a terceira capital com a maior população negra do Brasil e esse é o festival da educação, da cultura, da arte. O governador Carlos Brandão é muito sensível a todas as causas e a gente fica feliz porque é um governador que tem essa visão e a gente acredita nessa parceria”, pontuou.
Apresentação de mais de 40 artistas
A abertura da programação artística foi feita pelas caixeiras da Casa Fanti Ashanti, seguida pela discotecagem do DJ Natty Nayfson, além da participação de mais de 30 outros DJs e sohws de Célia Sampaio, Raiz Tribal, Soul Reggae e outros artistas.
O DJ Natty Nayfson, um dos grandes nomes do reggae no Maranhão, destacou a homenagem feita a Bob Marley.
“O Dia Nacional do Reggae e também o Dia Municipal do Regueiro [em 5 de setembro] são conquistas importantes e representam um olhar das autoridades para a nossa causa. Estamos aqui para celebrar, com muitos artistas e muita música, um tributo ao rei Bob Marley neste grande evento antirracismo”, disse.
As DJs Sol e Sherry também se apresentaram no evento e definiram como um momento marcante para o reggae e para a luta por igualdade e combate ao preconceito. “Esse festival é de muita importância para o povo negro, para o povo do reggae, temos que dar a nossa força e falar que somos contra o racismo. Nós somos iguais a todos”, comentou a DJ Sol.
“Aqui estão sendo reunidas várias etnias e manifestações culturais, como o tambor de crioula, o samba e também o reggae. Essa data lembra a morte de Bob Marley, que foi um poeta, um ícone do reggae, e expandiu o ritmo para o mundo. Então, esse festival é para que as pessoas tenham a visão do que é o reggae e para combater o racismo com paz, pois o reggae é paz, é amor”, declarou a DJ Sherry
População mobilizada
O evento reuniu artistas, amantes do reggae e várias famílias que aproveitaram para prestigiar o ritmo que nasceu na Jamaica e se tornou parte da cultura maranhense. “Esses movimentos são importantes porque eles marcam a nossa presença como negro aqui na cidade. Eu vim aqui a partir do convite da minha namorada, é um evento muito bom e importante que seja realizado”, disse Davi Souza, 23 anos, estudante de Biologia.
Estudante de Psicologia, Ana Caroline Diniz, 22 anos, fez questão de acompanhar os shows na Praça Nauro Machado. “Eu gosto muito de reggae, das caixeiras do Divino, e também me atraiu o propósito do evento, de combater o racismo através da cultura, da arte. Eu acho que é uma das formas mais efetivas que é possível proporcionar essa reflexão”, relatou.
Wander Marcilio veio de Parati (RJ) para conhecer São Luís e parabenizou a iniciativa do festival. “Um evento desse porte é importante para nós negros e principalmente para a juventude negra, pois vem de encontro àquilo que a gente busca, que é a igualdade racial. Precisamos combater o racismo estrutural e não queremos nada de superioridade, queremos igualdade, com todos e todas”, comentou.
Programação
Como parte da programação do evento, uma série de oficinas foi realizada em escolas da capital. Primeiro no Bairro de Fátima durante a segunda-feira (8), depois no João de Deus e na Cidade Operária na terça-feira (9), além do Anjo da Guarda e no bairro da Liberdade na quarta-feira (10).
“Promovemos oficina de dança, turbante, percussão, acessórios e trança. Fomos para as escolas pois acreditamos que somente com o processo de educação é que vamos vencer o racismo e todas as outras discriminações”, explicou Ademar Danilo.
Nesta sexta-feira (12) haverá o lançamento nacional do projeto Educação Antirracista na primeira infância pelo Fundo Nacional das Nações Unidas para a Infância (Unicef), painel de debates sobre LGBTfobia e racismo, debate com o grupo Negro em Movimento, além de um aulão de psicologia em praça pública.
“Esse painel de psicologia terá dois focos: um é a saúde mental do povo negro e o outro é sobre a autoestima de meninas negras famosas, que são digitais influencers aqui em São Luís, será um painel sensacional”, informou Ademar Danilo.
Já a programação artística que começou na quinta-feira (11), marcando o Dia Nacional do Reggae, segue até este sábado (13). Novamente, a Praça Nauro Machado recebe as atrações, que desta vez celebram o bumba meu boi, com a apresentações a partir das 18h30, incluindo o Boi de Maracanã, Boi da Maioba, Boi de Guimarães, Boi de Santa Fé, Tambor de Crioula de Mestre Felipe, Tambor de Crioula de Apolônio, dentre outras atrações.
“No sábado a programação artística conta com samba, capoeira, bumba boi, tambor de crioula, hip-hop e todos os aspectos da musicalidade negra presentes aqui no Maranhão. Todos estão convidados para o Festival Afro Maranhão para que esse grito de ‘não ao racismo’ seja ainda mais alto”, declarou o diretor do Museu do Reggae.
Dia Nacional do Reggae
O Dia Nacional do Reggae é celebrado em 11 de maio, data que marca a morte do cantor e compositor jamaicano Bob Marley. Considerado o maior expoente mundial do reggae, as músicas dele são marcadas por críticas sociais, com foco na paz e na preservação da natureza.
Por conta desses elementos e das raízes atribuídas ao surgimento do reggae, o ritmo musical é considerado também símbolo de ativismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário