22 outubro 2025

Prints revelam supostos “cinco mandamentos” de desembargador federal a Carlos Brandão para evitar afastamento até 2026

Prints de conversas obtidos do celular do secretário estadual de Articulação Política, Rubens Pereira, colocaram o desembargador federal Ney Bello Filho, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), no centro de uma polêmica que agita os bastidores da política maranhense. As mensagens, atribuídas ao magistrado, teriam sido encaminhadas com orientações e alertas direcionados ao governador Carlos Brandão (PSB), em tom considerado por alguns como de ameaça velada.

O conteúdo veio a público nesta terça-feira (21), após divulgação feita pelo deputado estadual Yglésio Moyses (PSB) em suas redes sociais e na tribuna da Assembleia Legislativa do Maranhão. O parlamentar afirmou que as conversas configuram “recados ameaçadores” supostamente enviados ao governador, o que levantou suspeitas de interferência política indevida.

Segundo as mensagens divulgadas, o desembargador federal Ney Bello teria enviado a interlocutores próximos de Rubens Pereira — conhecido como “Rubão” — um conjunto de recomendações ao governador, apelidadas de “cinco mandamentos”, para que Brandão não fosse afastado do cargo antes de abril de 2026, prazo de desincompatibilização para quem pretende disputar as eleições.

Em uma das supostas mensagens, o emissário do magistrado teria afirmado:

> “Ele precisa baixar a bola e segurar a arrogância burra dos irmãos! Há alguns inquéritos para estourar e isso vai jogar ele na lama. Ou ele parte para a contenção dos danos ou não chega em abril.”

A sequência do diálogo apresenta os tais “cinco mandamentos”, nos quais o desembargador teria elencado medidas a serem adotadas pelo governador:

1. Afastar o irmão de tudo que diga respeito ao governo;

2. Entregar as secretarias de volta ao PT, ainda que com novos titulares negociados;

3. Anunciar publicamente que será candidato ao Senado e que Felipe Camarão assumirá ampla coalizão;

4. Remover parentes do governo e recompor a base política;

5. Abster-se de interferir na eleição da Assembleia Legislativa, deixando o STF decidir.

O interlocutor conclui a conversa dizendo: “Com isso ele senta e governa”. Segundo o texto, Ney Bello teria autorizado Rubens Pereira a usar seu nome como “vetor” dessas mensagens.

A denúncia provocou forte reação na Assembleia Legislativa. O deputado Yglésio classificou o episódio como “gravíssimo”, defendendo que a Procuradoria-Geral da República e o Conselho Nacional de Justiça apurem se houve conduta incompatível com a magistratura.

O desembargador Ney Bello é conhecido por sua influência política em Brasília e por ser tio do deputado estadual Leandro Bello. Ele também mantém amizade de longa data com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, ex-governador do Maranhão.

Os prints datam do início de 2024, mas o caso só ganhou repercussão nacional após a revista Veja afirmar estar de posse dos documentos periciados e ter procurado os envolvidos para comentar o conteúdo.

Até o momento, nem o governador Carlos Brandão nem o desembargador Ney Bello se pronunciaram oficialmente sobre o caso. Fontes do governo estadual afirmam que o assunto está sendo acompanhado com “cautela e discrição”, enquanto aliados políticos tentam conter os efeitos da crise.

O episódio reacende o debate sobre os limites entre o poder político e o poder judiciário no país, especialmente quando figuras influentes de ambos os campos se cruzam em meio a disputas de bastidores que antecedem o calendário eleitoral de 2026.

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