Em um gesto que celebra a memória e o legado da literatura maranhense, a Academia Maranhense de Letras (AML) antecipará as comemorações de seus 117 anos com um evento especial nesta quinta-feira, 7 de agosto, a partir das 17h, em sua sede no Centro Histórico de São Luís. O ponto alto da programação será a apresentação pública de uma carta inédita escrita por Antônio Gonçalves Dias, patrono da instituição e uma das figuras mais emblemáticas da poesia brasileira.
Datada de 23 de agosto de 1862 e enviada de Paris ao amigo Antônio Henriques, a correspondência tem grande valor histórico. No texto, o poeta desmente boatos divulgados pela imprensa brasileira à época, que anunciavam sua suposta morte em um naufrágio. Tragicamente, o destino antecipado pela imprensa acabaria por se concretizar dois anos depois, quando Gonçalves Dias faleceu em 1864, no naufrágio do navio Ville de Boulogne, próximo à costa do Maranhão.
A carta agora fará parte do acervo da AML como uma doação do acadêmico Joaquim Haickel, que adquiriu o documento junto ao colecionador Rodrigo Fioravante. Durante a cerimônia, o presidente da AML, Lourival Serejo, apresentará oficialmente a carta, com a presença dos envolvidos na doação e mediação do documento. O professor José Neres, estudioso da obra de Gonçalves Dias e também membro da Academia, fará uma análise detalhada do conteúdo e do contexto histórico da carta.
A celebração continuará às 18h30 com a encenação da peça teatral “O Pedido”, de autoria e direção do próprio José Neres, protagonizada pela atriz Linda Barros. O espetáculo reforça o compromisso da AML com a valorização das artes e da cultura maranhense, integrando literatura, memória e teatro em um mesmo palco.
Fundada em 10 de agosto de 1908, a Academia Maranhense de Letras é a mais antiga do estado e uma das mais tradicionais do país. A instituição reúne intelectuais, escritores e pesquisadores que atuam na preservação e difusão do patrimônio literário maranhense. Neste ano, a comemoração do aniversário da AML ganha um brilho ainda mais especial com a incorporação de um documento tão simbólico à história do Maranhão e da literatura nacional.
A carta de Gonçalves Dias é, mais do que um artefato raro, um elo com o passado e uma prova da importância da preservação da cultura escrita. Com essa iniciativa, a AML reafirma seu papel como guardiã da herança intelectual maranhense e nacional.
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